O blog me proporcionou conhecer algumas
pessoas que não são da turma de brasileiros com os quais me relaciono. Outro dia fui almoçar com uma delas e
conversando descobri que ela falava seis línguas.
Perguntei de onde veio esse incentivo, pois
na nossa geração não era assim.
Ela contou que cresceu com o pai dizendo:
- Você não é brasileira, você é
uma cidadã do mundo.
Aos 8 anos matriculou-a no inglês, aos 10 no francês,
11 espanhol e 13 no alemão.
E atenção, todas ao mesmo tempo. Ela não
entrou no alemão e saiu do inglês não... A sexta língua aprendeu fazendo
intercâmbio na Itália.
Eu perguntei se ele não ficava preocupado em
sobrecarregar uma criança com tantas atividades... ainda tinha o ballet e a
natação.
Ela disse que não!!!
Bem... tudo tem um porque....
Vamos chamar o pai dela de João.
Nasceu numa cidade no interior do Nordeste
brasileiro em condições miseráveis. Seus pais apesar de analfabetos, tinham
noção e praticavam controle de natalidade, pois não queriam botar um monte de
filho no mundo, naquela época era comum ter uma “penca” deles.
Um dia, um padre alemão passou pelo
vilarejo deles para rezar uma missa e o pai de João implorou para que
ele levasse seus dois filhos para a cidade onde morava a uns 200 kms dali e
desse a possibilidade de um futuro melhor para as crianças (João com 8 e José
com 15 anos). Já na primeira parada do percurso, José foge sem avisar, deixando João
sozinho. Dez anos se passam e ele termina a escola.
Com 18 anos os meninos que se formavam eram
levados para o Rio Grande do Sul para se tornarem seminaristas (futuros
padres). Era muito comum assim que chegavam ao Sul, fugirem. João resolveu
ainda no Nordeste falar com o padre. Agradeceu muito a oportunidade, mas disse
que preferia ser honesto e foi logo avisando que gostava mesmo era de mulher.
Ele ficou sensibilizado com a franqueza do rapaz e disse:
- Eu vou te ajudar.
Arrumou um emprego para ele numa livraria e
no fim do dia o dono por contenção de despesa apagava todas as luzes, só sobrando
a ele as velas e os livros. Por ser muito determinado e querer uma vida melhor,
durante os dois anos em que lá trabalhou leu muito.
Aos 20 anos, resolveu fazer a prova para
entrar na Marinha no RJ e passou em primeiro lugar. Assim que chegou, quis se
inscrever para fazer vestibular, mas constatou que o período que passou
estudando, a escola que freqüentava não tinha o reconhecimento do MEC. Enquanto
trabalhava na Marinha, fez supletivo, e assim que acabou prestou vestibular de
direito na Faculdade Cândido Mendes do Centro e passou como bolsista. Hoje em dia é um
advogado de muito sucesso!!!
Como no início eu disse que tudo tem um porque,
agora ficou claro o porque dele não ter pena da filha...
Segundo ela, foi a melhor coisa que ele
podia ter feito. Recentemente se casou com um alemão e pode se comunicar
tranquilamente com ele e com a família!!!!
Ahhhh, quanto ao tio que fugiu, apareceu 20
anos depois e hoje em dia é açougueiro em Santa Catarina.
Vou terminar esse texto com uma frase do
Bernardinho:
“A distância entre o sonho e a realidade
chama-se DISCIPLINA”.
muito determinação e disciplina é a receita. beijos16
ResponderExcluirYessss!!!! Beijos15
ExcluirE' MESMO! COM DETERMINAÇĀO E MUITA DISCIPLINA,,CHEGA -SE AONDE SE " QUER".... TEM QUE "QUERER""".....QUERER E' PODER ....!!!
ResponderExcluirReceita do sucesso né amiga?!!!!! Muitos beijos
ExcluirPerseverança, autoconfiança e disciplina são, na minha opinião, a receita para o sucesso.
ResponderExcluirLinda história, se o pai tivesse tido pena e receio de sobrecarregar a filha, onde será que ela estaria hoje?
Beijos
Tereza
A menina é um crânio Tereza!!! No dia que eu a conheci, botei as duas mãos no queixo e falei:
ExcluirHoje eu soh quero ouvir....
Um pessoa muito interessante que virou uma querida amiga!!!!
Beijos